Judeus no mundo

DINAMARCA


A Dinamarca foi o primeiro país escandinavo a aceitar judeus em seus territórios. A história do povo de Israel neste país começa quando o rei Cristian IV, em 1622, convida judeus sefaraditas de Amsterdã a se estabelecerem na cidade de Glückstadt. O rei acreditava que junto com os judeus viria um grande capital, pois estes mantinham funções econômicas nos Países Baixos e esta movimentação monetária deslancharia a economia da cidade para que esta pudesse competir com Hamburgo. Porém, até então, os judeus dinamarqueses se resumiam a ricos comerciantes. Esta abertura foi motivada pelo desfecho da Guerra dos 30 anos, que resultou numa crise fiscal para a coroa dinamarquesa e na perda de muitos territórios.

Somente a partir da década de 1670, a Dinamarca abriu as portas não somente para os judeus comerciantes, mas para qualquer judeu que quisesse se estabelecer no país, incluindo pobres ashkenazim, oriundos da Alemanha.

Os anos subseqüentes obrigaram os judeus a batalharem pelos seus direitos. Comunidades se formaram na região de Schleswig-Holstein (quando pertencia à Dinamarca) e na cidade de Copenhague, mas estas não tinham o direito de construir sinagogas, o que causou atrito com os governantes dinamarqueses. Somente no ano de 1795, pôde-se construir uma sinagoga na cidade de Copenhague e 19 anos depois, foi concedido a todos os judeus dinamarqueses os direitos e o reconhecimento da cidadania.

Em 1849, a população judaica na Dinamarca beirava 4.200 pessoas. Este número teve um acréscimo após a vinda de refugiados do Leste Europeu que fugiam dos pogroms, como o de Kishinev e, em 1921, havia aproximadamente 6.000 judeus no país.

Em 1933 o rei Cristian X tinha marcada uma visita à sinagoga central de Copenhague para celebrar seu centenário. Com a subida de Hitler ao poder, os líderes da comunidade desaconselharam o rei a participar, mas ele insistiu, tornando-se o primeiro monarca nórdico a visitar uma sinagoga.

O papel da Dinamarca durante a Segunda Guerra Mundial foi importantíssimo para mostrar como deveria haver uma resistência contra a loucura nazista. Em 19 de Abril de 1940, o país foi tomado pelas forças do Reich e um acordo entre as nações foi estabelecido. No entanto, a maioria do povo e dos governantes dinamarqueses não aceitou sequer uma condição em relação à “questão judaica”.

O episódio mais importante da resistência contra o nazismo no país foi o transporte secreto de 7.200 judeus para a Suécia, onde estes estariam a salvo. A fuga ocorreu no quarto dia de Rosh-Hashaná e teve a colaboração de muitos cidadãos dinamarqueses que, mesmo sem envolvimento político, aceitaram ajudar os judeus em uma situação complicadíssima. Esta ajuda foi tão excepcional que gerou muitas lendas, como a de que o até então rei, Cristian X, bordou em suas vestes uma estrela amarela para mostrar que os judeus eram tão iguais como qualquer outro ser humano. Não há prova de que esta história aconteceu, mas mesmo assim, o rei Cristian X realizou inúmeros discursos contra o Reich e chegou a proclamar que não havia uma “questão judaica” na Dinamarca. Nos três anos de ocupação nazista no país, somente 120 judeus foram assassinados, nem 2% da população.

Mesmo assim, em maio de 2005, a Dinamarca pediu desculpas por enviar pelo menos 19 judeus para campos de concentração.

Após vinte e cinco anos da fuga judaica, residiam na Dinamarca cerca de 7 mil judeus, sendo que apenas 1% destes reside fora de Copenhague.

A comunidade judaica é reconhecida, as sinagogas são isentas de impostos, as escolas bem sucedidas, além de manter um museu judaico e diversas outras instituições que promovem a aliá, como B’nei Brit, B’nei Akiva e WIZO. A comida kasher é disponível e inclusive exportada para a Noruega e a Suécia, onde a Shechitah é proibida.

As relações entre Israel e a Dinamarca são amigáveis. A Dinamarca votou a favor da partilha da Palestina em 1947. Em Jerusalém há um monumento relembrando o salvamento dos judeus dinamarqueses e uma escola é nomeada em honra do país. Na cidade de Eitonim existe o hospital Rei Cristian X, em homenagem ao monarca dinamarquês.